domingo, 31 de outubro de 2010

Documentário Inside Job

Uma das questões que me deixa especialmente apreensivo relativamente ao futuro da economia mundial prende-se, essencialmente, com a lição mal aprendida face aos erros do passado. Esses erros começaram muito antes de 2008, antes do reconhecimento “oficial” da crise internacional, a de maior magnitude desde a Grande Depressão. Digo “oficial”, pois para qualquer Economista, minimamente consciente do que se vinha passando nos mercados financeiros, imobiliários e monetários, tais consequências na verdade não se trataram de uma surpresa, mas sim de uma confirmação. Paul Krugman, entre outros economistas, foi uma das vozes mais activas neste sentido.
Este discurso, que aqui faço, tem uma razão de ser. No passado dia 29, durante a visualização do preview do filme/documentário “Inside Job” (a que tive oportunidade de assistir junto de alguns colegas e Docentes do Mestrado de Finanças do ISEG, a convite do Professor João Duque) voltei a recordar e a relembrar aquilo que ninguém deverá esquecer. Note-se que estamos a falar da segunda maior crise de sempre de toda a história, a primeira após a Grade Depressão dos anos 30.
Posteriormente a um horizonte temporal da história económica norte-americana plenamente marcada por um próspero crescimento económico (em muito justificado, segundo inclusivamente economistas americanos, pelas mudanças tecnológicas que vieram aumentar significativamente a produtividade das empresas), deu-se um período de uma forte desregulamentação do sector financeiro. Viria a ser essa forte desregulamentação que traria o início de um possível fim do sistema capitalista, como hoje ainda o conhecemos. Digo hoje, pois o sistema não colapsou devido a uma intervenção à escala mundial, que custou 20 triliões de dólares só na economia americana.
Com este processo de desregulamentação do sector financeiro, em muito ajudado pelo lobby (perfeitamente permitido e legal nos Estados Unidos) e por decisões políticas, deu-se aquilo que se viria a chamar uma “concentração” das grandes instituições norte-americanas, sendo que estas quatro ou cinco instituições viriam a representar a maioria das transacções no próprio sistema. Além do mais, seguradoras como a própria AIG estariam, mais tarde, envolvidas nestes esquemas de engenharia financeira, que por conseguinte penalizaram, numa primeira fase, os americanos e a economia dos Estados Unidos e, numa segunda fase, toda a economia mundial. De facto, constatou-se, mais uma vez, que o ditado popular, entre os economistas, tem toda a razão de ser: quando os Estados Unidos espirram, todo o mundo se constipa. Este foi, portanto, o efeito de contágio à escala planetária.
Este “pequeno” grupo de instituições financeiras (onde se poderá incluir a categoria da banca de investimento, a que Paul Krugman, por exemplo, viria a denominar como o sector sombra), era e é dominado por um conjunto de executivos, CEO´s e Chairman´s que, com o passar da complexidade dos próprios sistemas e com o passar do tempo, trocariam de posições entre si, nos diversos bancos, seguradoras ou fundos de investimento. Inclusivamente, este “dançar de posições de topo” viria a chegar aos cargos máximos de acessória à Casa Branca e à própria Reserva Federal norte-americana.
Alan Greenspan, adorado por muitos e criticado por aqueles que com coragem para tal assim o fizeram, foi o presidente que conseguiu um maior número de anos à frente do FED. Mais do que isso, apesar de ter presidido ao maior número de anos sem uma única recessão económica, este nada fez em matéria de regulamentação dos mercados financeiros, até porque, segundo o próprio, nada faria sentir tal necessidade. Com o rebentar da crise, o mesmo Alan Greenspan apenas confessou haver uma possibilidade de haver uma certa “exuberância irracional” nos mercados americanos.

Estes são alguns dos argumentos para visualizar o documentário “inside Job”!

A não perder!

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