quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Mensagem Mensal: Setembro de 2010

Mensagem Mensal | Setembro de 2010

O mês de Setembro é, para a maioria das pessoas, o mês de regresso à normalidade, quer relativamente às questões de trabalho, quer, também, pelo regresso aos estudos dos mais novos. No cenário macroeconómico, gostaria de apontar uma mensagem mensal redireccionada em três vertentes, isto é, para a economia nacional, europeia e norte-americana e, finalmente, também, para Moçambique. Face à economia nacional, ontem, dia 8 de Setembro, foram lançados os dados do INE, relativos ao crescimento. Este organismo aponta para um crescimento superior a 1,5% do PIB, relativamente ao trimestre anterior. Trata-se de um crescimento que representa que, até Junho de 2010, a economia nacional, muito provavelmente, terá crescido mais daquilo que seria de esperar pelo formuladores da política macroeconómica nacional. Este mesmo crescimento económico vai ao encontro daquilo que os países da Zona Euro têm vindo a crescer, principalmente devido ao “motor” alemão. Antes de passar para o cenário macroeconómico americano e Europeu, uma pequena nota para o facto deste crescimento, mesmo relativo a um período em que o desemprego sazonal deveria ter pressionado para uma quebra do desemprego total, não ser suficiente para uma inversão total do cenário social, mais precisamente face aos baixos níveis de emprego em Portugal. Será necessário, portanto, políticas macroeconómicas, agora, que visem combater, de uma vez por todas, as questões do desemprego de longa duração e do desemprego estrutural. Por outro lado, convém não cair nos argumentos falaciosos de que os condutores da política económica nacional nada podem fazer, pois efectivamente podem-no. Podem, e devem, apontar para políticas que visem o incentivo à criação de postos de trabalho, principalmente pela via fiscal, tal como já há muito defendo. Passando agora para Moçambique, Setembro mostrou-nos precisamente aquilo que nós, economistas mais cépticos, vinha-mos defendendo. Nas economias menos avançadas, como a moçambicana, o crescimento económico é o motor para o desenvolvimento e, no caso de assim não ser, a teoria económica afirma que, face a um crescimento potencial inferior, apenas gerará pressões inflacionistas. Na verdade, não foi só isto que aconteceu em Moçambique, pois esta economia viu agravada a questão da inflação, principalmente, por via de um agravamento do preço dos combustíveis. Mesmo assim, a título pessoal, aponto a economia moçambicana como uma daquelas que mais crescerá na África Austral e onde os empresários portugueses podem, certamente, investir e internacionalizarem-se. Por fim, acredito vivamente que a Europa está a afastar-se, mais uma vez, do realismo da economia americana. Apesar de, num cenário macroeconómico de muito curto prazo, as estatísticas demonstrarem o contrário, na verdade a economia Europeia está a meter o pé no travão excessivamente cedo, contrariamente ao realismo americano que, por seu turno, continua a apostar no investimento público e no empreendedorismo. A política monetária dos dois bancos centrais (FED e BCE), demonstra essas mesmas diferenças. Espero estar muito enganado face ao destino da União Económica Monetária e, também, da sua divisa, o euro. Aguardaremos, pacientemente, pelos próximos meses.

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