sábado, 21 de agosto de 2010

Brasil 2022: impossível ou realidade próxima?

O crescimento económico da economia brasileira já é uma realidade, mesmo atendendo à realidade de conjuntura internacional que uma economia com tantas barreiras estruturais apresenta. A questão de fundo, na minha opinião, nem sequer passa por isso. Mais importante de tudo, para os formuladores da política económica brasileira, será estarem atentos à trajectória do desenvolvimento económico, humano e social da nação brasileira. Por muito básica que pareça esta questão, não raras vezes assistimos a várias economias ainda em desenvolvimento não apresentarem políticas que visassem o acompanhamento do desenvolvimento económico, juntamente a par do crescimento da economia brasileira. Basicamente a questão que jamais poderia deixar de lado é a seguinte: o desenvolvimento estará de mãos dadas com o crescimento da economia? Um olhar muito breve para o passado recente, mais precisamente face à última década, diz-nos que ocorreram mudanças positivas nas condições de vida, em geral, dos concidadãos brasileiros. Este olhar para o passado breve deixa qualquer economista e politólogo bastante esperançada para o crescimento económico futuro. Mais uma vez, deixando de lado a minha inexistência de dúvidas quanto ao crescimento de médio longo prazo, até 2022, tenho uma série de outras preocupações secundárias, mas que merecem igual importância. Note-se que as economias, ao longo do seu processo de desenvolvimento, são especialmente atractivas, principalmente se estiverem ainda longe do seu denominado steady-state (estado estacionário). Neste caso, tais tipos de economias são bastante cobiçadas para os investidores internacionais, mais concretamente no sentido de potenciarem lucros de muito curto prazo e de curto prazo. Este aumento da procura por rendibilidades elevadas, nestas economias, levaram ao surgimento do conceito de “economias emergentes”, tal como o economista Paul Krugman já vinha alertando. Os mercados de capitais brasileiros, como o mercado de acções e obrigações, têm sido bastante marcados pela presença de uma predominância de investidores internacionais, que mais uma vez realizam os seus investimentos financeiros em busca de taxas de rendibilidade que jamais conseguiriam nas economias já avançadas ou desenvolvidas. Diversas economias, tal como a economia portuguesa, têm apostado nas empresas brasileiras, em quase todos os sectores. Aliás, o caso da PT e da Telefónica são dois excelentes exemplos, que rapidamente poderão passar para outros investidores internacionais e para outros mercados alvo do Brasil. Por outro lado, o sistema financeiro também terá de se mostrar robusto para acompanhar o crescimento da economia e dos perigos que isso poderá acarretar. As mudanças sociais (como mais empregos e maiores rendimentos salariais) levarão, tal como hoje já vai acontecendo, a profundas mudanças nos hábitos de consumo e investimento, pelo que será expectável uma sociedade de consumo em maior escala. Atendendo a esta linha de raciocínio, rapidamente poderá haver uma corrida aos balcões bancárias, desta vez para a cedência de créditos bancários, quer para o consumo, investimento e habitação. Os responsáveis pela política monetária brasileira terão de estar atentos a tais mudanças económicas e sociais. Resta saber se as políticas de Lula da Silva irão abandonar o panorama político-partidária ou se, pelo contrário, teremos uma nova política económica, que vise a continuação da potencialização do crescimento mas com as devidas cautelas acima indicadas.

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