terça-feira, 3 de agosto de 2010
Consumo privado, poupança e exportações nacionais
A economia nacional tem gozado, segundo estatísticas lançadas pelo INE e pelo BdP, referentes ao segundo trimestre de 2010, de um aumento percentual, face ao período homólogo, do consumo privado e, também, das exportações realizadas. Tal como vinha acontecido, desde há alguns trimestres atrás, as exportações nacionais têm sido o principal motor da economia portuguesa. De facto, inúmeras economias mundiais adoptaram a estratégia de crescimento com base em políticas macroeconómicas que visem a estimulação às exportações nacionais; os resultados dessas economias foram, manifestamente, positivos, tal como seria de esperar segundo a teoria e ciência económica. Portugal, com base numa estratégia virada para a aposta nas exportações, tem seguido, e muito bem, esse tipo de políticas, pelo que os resultados nacionais têm aparecido, mas precisamente sob a forma de crescimento económico nacional. O consumo privado, que até aqui tinha apresentado uma tendência decrescente ou constante, aparenta agora estar numa trajectória claramente ascendente. Grande parte do aumento do consumo privado deriva, muito certamente, de uma antecipação de decisões de consumo, relativas ao aumento da carga fiscal sobre o Imposto de Valor Acrescentado, mais precisamente face ao sector automóvel. Este aumento do consumo privado, caso tudo o resto se mantenha constante, provocará um aumento do produto. Num cenário macroeconómico de muito curto prazo, é exactamente isto que acontece. Porém, a questão que importa levantar, atendendo a futuro e sustentabilidade da economia e dos agentes nacionais, é o ponto associado aos baixos níveis de poupança verificada na actualidade. Com uma saída, embora tímida, de uma conjuntura internacional grave, Portugal está a apresentar uma tendência de aumento do consumo, por parte dos agentes privados. Subjacente a esta questão, e bem preocupante, é a problemática de inexistência de hábitos de poupança privada, deveras fundamental para o investimento no longo prazo. Efectivamente, esta questão ganha, ainda, uma especial dimensão problemática quando o próprio Estado, em presença de um cenário orçamental como o presente, também não consegue efectuar uma poupança pública, ainda para mais com os projectos de investimentos futuros. Se, por um lado, a diminuição do investimento público provoca um abrandamento da actividade económica, tudo o resto constante, não menos verdade será que, apesar do esforço de contenção orçamental, ainda serão necessárias mais medidas que visem um corte sério nos desperdícios financeiros das instituições públicas, a bem do bem-estar social das gerações vindouras.
Etiquetas:
consumo privado,
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política orçamental,
Portugal,
poupança
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