domingo, 15 de agosto de 2010
Instrumentos de poupança: certificados de aforro e do tesouro
A poupança privada dos portugueses canaliza-se, principalmente, a duas grandes vias: os produtos financeiros (de risco nulo) das instituições financeiras – banca comercial – e os produtos financeiros públicos, como os certificados de aforro e do tesouro. Com o surgimento da crise internacional de 2008, e com o imperativo da descida das taxas de juro dos bancos centrais, os certificados de aforro tiveram uma remuneração para os investidores claramente mais baixa face ao período antes da recessão à escala global. Se com esta descida das remunerações, mantendo tudo o resto constante, os incentivos dos agentes privados optarem por poupar irá diminuir. Porém, perante a crise internacional, não foi só este factor que foi responsável pela diminuição da poupança privada agregada. Na verdade, o factor da diminuição das remunerações é o menos importante. Num cenário social bastante delicado, como o que ocorreu nos últimos dois anos, os rendimentos dos portugueses diminuíram drasticamente, uns em virtude de reduções salariais e outros por via da perda do seu posto de trabalho e, por conseguinte, da dependência das transferências sociais e de outros subsídios. para efeitos de poupança. Com o início do ano de 2010, e anunciada a chegada da retoma da actividade económica europeia e norte-americana, deu-se uma subida, ainda que pouco acentuada, nas taxas de juro dos bancos centrais, pelo que as remunerações dos depósitos a prazo também aumentaram. Do lado dos instrumentos de poupança lançados pelo Estado, estes também verificaram uma subida das taxas de juro para os aforradores; note-se que, atendendo à evolução do cenário macroeconómico nacional e além fronteiras, é com alguma naturalidade que os certificados do tesouro ganhem especial ênfase nos portugueses com capacidade de poupar. Comparativamente aos certificados de aforro, indexados a algumas taxas euribor, os certificados do tesouro apresentam remunerações mais elevadas, pelo que se está a assistir a uma grande adesão a este produto financeiro. Recorde-se que a poupança privada actual é deveras importante para o futuro da economia nacional. Ora, sendo Portugal uma economia em que se pode constatar os mais baixos níveis de poupança privada, quando comparado com os restantes países da Zona Euro, este cenário necessita de ser rapidamente alterado, no sentido de se verificar uma trajectória ascendente da poupança nacional. Irá ser essa mesma poupança que garantirá o investimento futuro dos portugueses e, portanto, da economia nacional. Para além destas questões, os baixos salários (nominais e reais) e os maus hábitos de gestão das finanças pessoais são dois factores importantes para este preocupante cenário nacional.
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